Em meio à aceleração da digitalização financeira e ao volume cada vez maior de transações eletrônicas, a transformação digital no setor financeiro trouxe ganhos expressivos de eficiência. Porém, ao mesmo tempo, expandiu a superfície de exposição a riscos cibernéticos, exigindo das instituições uma vigilância constante. Neste artigo, exploramos o panorama do cibercrime nas finanças em 2025, identificamos as principais vulnerabilidades, apresentamos as regulamentações em vigor e compartilhamos soluções práticas para reforçar a defesa de seus ativos digitais.
O Panorama do Cibercrime nas Finanças em 2025
Reunimos dados recentes que revelam a intensidade dos ataques direcionados ao sistema financeiro. Globalmente, houve um crescimento de 44% nos ataques cibernéticos em 2025, em comparação com o ano anterior. No Brasil, o setor financeiro liderou o ranking nacional, concentrando 20,18% dos incidentes registrados no primeiro trimestre do ano. Entre janeiro e março, foram contabilizadas mais de 132 mil tentativas de invasão, a média de duas tentativas diárias por organização.
Principais Ameaças e Riscos Atuais
Os criminosos cibernéticos evoluem rapidamente, empregando técnicas cada vez mais sofisticadas. Confira os riscos que demandam atenção imediata:
- Ataques via IA e Machine Learning: uso de deepfakes, automação de fraudes e manipulação de identidades, apontados por 66% dos especialistas como principal ameaça.
- Engenharia social e phishing direcionado: golpes personalizados contra colaboradores e clientes, explorando vulnerabilidades humanas.
- Ransomware, malware e DDoS: sequestro de dados, indisponibilidade de serviços e extorsões financeiras.
- Vulnerabilidades em cloud computing: erros de configuração, acessos não autorizados e falhas em provedores de serviços.
- Fraudes internas e compliance falho: práticas irregulares, controle insuficiente de acessos e erros humanos.
Normas, Legislação e Regulação no Brasil
Para enfrentar o crescente risco, o arcabouço regulatório brasileiro vem se reforçando. O mais recente é o Novo Marco Regulatório dos Ativos Virtuais, aprovado pelo Banco Central, que exige autorização para operação, rígidos requisitos de gestão de riscos e auditoria constante. A partir de fevereiro de 2026, as Prestadoras de Serviços de Ativos Virtuais deverão responder integralmente por perdas decorrentes de negligência.
Além disso, a integração dos ativos digitais ao sistema bancário tradicional impõe às corretoras e custodiante os mesmos padrões de compliance exigidos de bancos. Instrumentos como o Selo de Prevenção a Fraudes, coordenado por Febraban e Fin, certificam boas práticas de governança e detecção de ameaças, aumentando a confiança do usuário.
Tecnologias e Soluções Emergentes
Inovar na defesa contra ataques é imperativo. Organizações de ponta investem em ferramentas e plataformas avançadas para fortalecer a segurança digital:
- Blockchain e descentralização: validação de identidade e transações, eliminação de pontos únicos de falha e auditoria em contratos inteligentes.
- Monitoramento e automação de comportamentos: sistemas que detectam padrões suspeitos em tempo real e acionam respostas automáticas.
- Capacitação contínua: simulações de phishing, treinamentos regulares e campanhas de conscientização para colaboradores.
- Plataformas especializadas: como soluções de gestão de ativos digitais em blockchain, com conformidade regulatória integrada.
- Investimento estratégico: projeção de aumento de 15% no orçamento global de segurança da informação e de 43% no Brasil até 2028.
Boas Práticas e Recomendações
Adotar uma postura proativa e multidisciplinar é a chave para reduzir riscos e responder rapidamente a incidentes:
- Gestão integrada de riscos: combinar aspectos técnicos, jurídicos e financeiros na avaliação e mitigação de ameaças.
- Segurança em múltiplos níveis: autenticação multifatorial, criptografia, políticas de acesso restritivas e backups constantes.
- Monitoramento contínuo: mapear vulnerabilidades, aplicar patches, detectar anomalias e corrigir falhas em tempo real.
- Cultura organizacional: treinamentos regulares, comunicação clara de políticas de segurança e procedimentos rigorosos de abertura de contas.
- Certificações e selos: demonstrar aos clientes o compromisso com as melhores práticas e alinhamento às exigências legais.
Desafios e Oportunidades para o Futuro
O horizonte de 2025 e anos seguintes apresenta tanto ameaças complexas quanto oportunidades para fortalecer as defesas. Investir em inovação, consolidar uma cultura de segurança sólida e manter-se atualizado com regulações e tecnologias são passos imprescindíveis. Enquanto a IA amplia o poder de ataque, também oferece mecanismos de defesa inteligentes. Do mesmo modo, a adoção de tecnologias descentralizadas pode redefinir padrões de segurança para ativos digitais.
O momento exige ação coordenada entre reguladores, instituições financeiras, provedores de serviços e usuários finais. Somente assim será possível enfrentar os desafios emergentes e proteger eficazmente o patrimônio digital de empresas e indivíduos. Este é o chamado para uma nova era de resiliência cibernética nas finanças.