Cibersegurança e Risco Financeiro: Uma Conexão Indissociável

Cibersegurança e Risco Financeiro: Uma Conexão Indissociável

Em um mundo cada vez mais conectado, as instituições financeiras enfrentam desafios inéditos. A convergência entre riscos digitais e perdas econômicas tornou a cibersegurança um pilar estratégico.

A transformação digital e seu impacto nos riscos

O setor financeiro vive uma digitalização acelerada, com fintechs, bancos e cooperativas migrando operações completas para plataformas online. Essa evolução, embora traga maior conveniência, expõe dados sensíveis a um ecossistema de ameaças sofisticadas.

O uso intensivo de APIs, Open Finance, aplicativos móveis e dispositivos diversos amplia a superfície de ataque. Com isso, surgem novos vetores explorados por criminosos que buscam explorar vulnerabilidades antes inexistentes.

É nesse contexto que se faz necessário investir em superfície de ataque digital reduzida e em controles robustos, garantindo que cada nova funcionalidade seja acompanhada por mecanismos de segurança avançados.

Estatísticas e cenário atual no Brasil

Os números revelam a dimensão do problema: em 2024, o Brasil registrou perdas de cerca de R$ 2,3 trilhões devido a ataques cibernéticos no setor financeiro. Globalmente, cada violação custa em média US$ 4,88 milhões a bancos e instituições similares.

As organizações brasileiras sofrem 1.774 ataques por semana—valor acima da média global (1.696 ataques). O tempo médio de detecção e contenção estende-se por 277 dias, elevando a probabilidade de prejuízos financeiros e reputacionais graves.

Para enfrentar esse cenário, os bancos brasileiros investiram cerca de R$ 4,7 bilhões em cibersegurança, valor que representa aproximadamente 10% dos orçamentos de tecnologia.

Principais ameaças digitais e evolução no setor financeiro

As instituições devem considerar múltiplos tipos de ataques que evoluem constantemente. Entre as principais ameaças, destacam-se:

  • Ransomware voltado para extorsão de dados e serviços;
  • Fraudes em tempo real e engenharia social (phishing, malwares e falsificação de identidade);
  • Roubo e vazamento de informações sensíveis, gerando multas e litígios;
  • Uso de IA para automatizar ataques e melhorar a precisão das investidas;
  • Exploits em APIs e ambientes de Open Finance mal configurados.

Essas ameaças não apenas geram perdas imediatas, mas abalam a confiança de clientes e parceiros. A reputação das marcas sofre dano irreversível quando a resposta é lenta ou ineficaz.

Regulamentação e exigências do Banco Central

O Banco Central do Brasil reforçou recentemente as regras para cibersegurança no sistema financeiro. As principais exigências incluem:

certificados digitais separados para ambientes de homologação e produção, segregação rigorosa de chaves privadas e auditorias independentes periódicas. Essas medidas visam assegurar que cada entidade mantenha processos maduros de gestão de chaves e políticas claras de acesso.

O cumprimento dessas normas não é opcional: a conformidade é condição de operação no ecossistema financeiro. Instituições que não atinjam o patamar mínimo de segurança digital podem ter restrições de negócios e perder credibilidade no mercado.

Estratégias e soluções eficazes em cibersegurança

Para mitigar riscos e fortalecer defesas, especialistas recomendam a adoção de abordagens modernas e integradas:

  • Security by Design, incorporando segurança desde o início dos projetos;
  • Modelo Zero Trust com gestão dinâmica de identidade e autorização;
  • Criptografia avançada, preparando-se para ameaças quânticas futuras;
  • Detecção e resposta em tempo real por IA, reduzindo janelas de ataque;
  • Educação contínua e treinamentos, criando cultura organizacional de segurança contínua.

A integração de tecnologias com equipes multidisciplinares gera maior agilidade na identificação de incidentes e facilita a resposta coordenada, prática conhecida como “cyberfraud fusion”.

Desafios e o papel das instituições de menor porte

Enquanto grandes bancos têm capacidade para alocar investimento robusto em cibersegurança, fintechs e cooperativas de menor porte enfrentam restrições orçamentárias. Muitas vezes, a exigência de segregação de ambientes e auditorias independentes significa custos elevados.

Essas instituições devem buscar parcerias com provedores especializados e participar de ambientes colaborativos, compartilhando inteligência de ameaças e boas práticas. A responsabilidade pela segurança é compartilhada entre todos os atores do ecossistema financeiro.

  • Custos de conformidade elevados;
  • Falta de equipe especializada interna;
  • Dificuldade em acompanhar evolução tecnológica.

O futuro da cibersegurança no mercado financeiro

As tendências apontam para um uso massivo de automação, blockchain e inteligência artificial tanto para defesa quanto para ofensiva. A resiliência cibernética passará a ser medida em auditorias cruzadas entre parceiros e reguladores.

Instituições prontos para o futuro adotarão arquiteturas Zero Trust, integrarão IA em suas operações de defesa e investirão em criptografia pós-quântica. A colaboração entre setor público, privado e acadêmico será essencial para antecipar novas ameaças e compartilhar contramedidas.

Em resumo, a cibersegurança não é apenas um requisito regulatório, mas um diferencial competitivo e fator de sustentabilidade para organizações que desejam manter a confiança de clientes e acionistas.

Conclusão: segurança como alicerce da inovação

A conexão entre cibersegurança e risco financeiro é indissociável. Proteger dados e sistemas significa preservar ativos financeiros e reputacionais.

Ao adotar soluções integradas, promover a cultura de segurança e manter conformidade rigorosa, as instituições financeiras transformam a segurança digital em alavanca de inovação. Assim, fortalecem sua posição no mercado, garantindo resiliência cibernética como diferencial competitivo e a confiança de todos os stakeholders.

Por Maryella Faratro

Maryella Faratro